Com pouco estilo, de má qualidade, caro e difícil de encontrar: a falsa reputação de vestuário responsável de segunda mão
Com o passar dos anos, os consumidores de moda tornaram-se mais conscientes da poluição causada pela produção em massa de roupas no meio ambiente. Por esta razão, muitas pessoas querem abandonar o fast fashion ou moda rápida que marcas como Zara ou Stradivarius impuseram nos seus dias. Mas nem sempre é tão fácil começar no mundo do slow fashion Portugal, que rejeita a fabricação intensiva de roupas.
Quando se trata de começar com roupas sustentáveis, é normal termos muitas dúvidas. Estamos acostumados a comprar roupas sendo algo mais ou menos simples: verificamos se é do nosso tamanho e, se gostamos do estilo da peça, não há muito mais que fazer. Mas com a moda sustentável é diferente. Devemos ficar atentos aos tecidos que foram usados na confeção da peça e sua origem, por exemplo. Esses detalhes muitas vezes fazem os consumidores pensarem que encontrar roupas éticas é difícil. A isso devemos somar todos os mitos que nascem em torno dela. Mas o que há de verdadeiro ou falso nesses mitos da roupa ecológica?
“Moda responsável mulher não é fashion”
Existe uma crença popular de que roupas éticas em geral não são bonitas ou fáceis de combinar com o estilo particular de uma pessoa. Não está muito claro o porquê, mas tendemos a pensar que quando falamos de moda sustentável são roupas básicas e chatas. Esse mito é fácil de quebrar: existem designers que se dedicam exclusivamente a criar linhas de roupas ecológicas que também são muito estilosas! É o caso de Stella McCartney, Mara Hoffman e Rag and Bone, por exemplo.

“O Vestuário responsável é de má qualidade”
Além de ser um mito, é o completo oposto do que a moda sustentável defende. Quando a fast fashion traz uma coleção atrás da outra nas suas vitrines, não o faz com a intenção de que as suas roupas durem, por isso os seus preços são tão baratos.

Por outro lado, uma das bases mais importantes da moda sustentável é que as roupas fabricadas de forma “lenta” sejam o mais duráveis possível. A indústria do fast fashion produz roupas de forma massiva gerando muita poluição e o slow fashion Portugal quer fazer o contrário: criar roupas duráveis para produzir menos quantidade e assim reduzir o impacto ambiental.
“O facto de eu usar moda responsável mulher não muda nada”
É fácil recorrer a esse mito para tentar esquecer o problema ambiental e se sentir menos culpado. Se acreditarmos que nossas ações rotineiras não causarão impacto, não nos preocuparemos mais com isso. Culpar as grandes empresas e abrir mão da nossa responsabilidade é a opção mais fácil para os consumidores.
A moda sustentável apresenta-nos um amplo leque de possibilidades, desde roupas, acessórios até calçado, como o de Sapato Verde. @sapatoverde
Mas a verdade é que, na realidade, os nossos costumes e hábitos são a chave para fazer mudanças no mundo. As empresas geram produtos e serviços de acordo com o que os consumidores pedem. Assim, através de pequenos atos diários podemos mudar gradualmente a demanda.
“O vestuário responsável é caro”
Se compararmos os preços de marcas moda sustentável com marcas de fast fashion, é possível que às vezes achemos que os preços são mais altos do que estamos acostumados. Mas isso significa que é caro?
A diferença nos preços dos produtos finais tem uma explicação simples: estamos a falar de dois tipos de produção opostos. O modelo sustentável é uma filosofia de consumo responsável, com tudo o que isso implica: desde o uso de tecidos e corantes ecologicamente corretos até a garantia de salários dignos para os seus trabalhadores. O fast fashion não dá tanta importância a esses ideais, por isso é normal que os preços das roupas ecológicas sejam menos económicos. Mas se pensarmos que o slow fashion aposta em roupas mais duráveis, fica claro que, a longo prazo, não é mais caro que o fast fashion, muito pelo contrário!
A moda ecológica não é cara: é o preço a pagar por fazer as coisas de forma ética e mais tradicional, como acontece na empresa Zouri @zouriveganshoes
Por outro lado, se mesmo assim, a moda sustentável continua a ser cara para o nosso bolso, podemos sempre optar por comprar roupa em lojas de roupa online baratas, comprar em outlets ou comprar roupa em segunda mão online no delivery ou preparar trocas com familiares ou amigos . Desta forma seremos mais ecológicos sem abusar do nosso portfólio.
“É muito difícil conseguir vestuário responsável”
Essa é uma das crenças mais comuns. Costumamos associar roupas sustentáveis a processos muito complicados, seleção de materiais muito específicos, etc. A primeira coisa que costumamos pensar quando pensamos nesse tipo de roupa costuma ser: “mas onde vamos encontrar algo assim? Não pode ser fácil.”
A verdade é que não é muito complicado comprar moda sustentável! Hoje em dia existem muitas empresas de roupas ecológicas disponíveis no mercado. Além disso, existem algumas empresas que são portuguesas, como a Byms ou BYOU, então as compras que fizer chegarão rapidamente.
“Há muito engano com a questão ecológica”
Também não é incomum que as pessoas desconfiem desse aspecto: ser ecologicamente correto é uma tendência e as empresas percebem que é fácil se beneficiar disso. Se suspeitarmos nesse aspecto, há algumas coisas que devemos levar em consideração ao identificar a moda sustentável. Uma delas é olhar para os tecidos com os quais as peças são feitas: algodão orgânico, fibra de bambu ou linho são alguns dos materiais mais ecológicos e sustentáveis que existem.
Existem certificações em têxteis orgânicos e reciclados como os usados por marcas como a BYOU. @byou_patriciagouveia
Por outro lado, se queremos mais garantias, também podemos prestar atenção se a marca que estamos a investigar possui algum tipo de certificação. Por exemplo, o da PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) garante que não houve nenhum tipo de abuso de animais. A certificação GOTS dá-nos a garantia de que os têxteis utilizados são 100% biológicos e a certificação GRS garante o conteúdo reciclado do produto.
“As roupas parecem velhas e gastas”
Pensar nisso é outro erro. Como existem roupas feitas com cânhamo, bambu e outros tecidos do mesmo estilo, pode-se associar que esses produtos terão a aparência de serem desgastados ou quebrarem com facilidade.
Acostumada com os materiais usuais das marcas convencionais, às vezes é estranho ver roupas que não são feitas de algodão, poliéster ou lã. Mas isso não quer dizer que os têxteis alternativos farão com que as roupas pareçam velhas. Existem muitas linhas de moda responsável mulher e elas não ficam nada mal por isso. Um grande exemplo são empresas como Stella McCartney.
A moda sustentável é feita com materiais de primeira qualidade. Um exemplo disso pode ser encontrado nos sapatos da empresa portuguesa Nae vegan shoes. @naeveganshoes
“Todos os tecidos prejudicam o planeta”
Há consumidores que se recusam a acreditar no movimento ecológico e pensam que todos os têxteis prejudicam o meio ambiente da mesma forma. Mas esse é outro dos mitos da roupa ecológica falsos em torno da moda sustentável. Existem materiais e processos de fabricação que deixam uma pegada muito maior no planeta do que outros. O melhor exemplo? O jeans: a sua fabricação envolve o uso de 7.500 litros de água, a mesma quantidade que uma pessoa bebe em sete anos.
Empresas como María Malo trabalham com materiais naturais e regenerados, como Bambu, TENCEL® e Econyl®, para fabricar roupas sustentáveis. @mariamaloline
Por outro lado, existem empresas que reciclam os resíduos para aproveitar ao máximo os recursos e também utilizam materiais menos nocivos. A empresa Orange Fiber, por exemplo, usa cascas de laranja para convertê-las em uma fibra natural com baixa pegada de carbono. Também são cada vez mais as empresas que apostam na criação dos seus designs com ECONYL®, fibra 100% regenerada a partir de resíduos de nylon, ou com Tencel®, considerada a fibra mais ecológica e em franca expansão no mercado da moda, obtida a partir da polpa de madeira de árvores de agricultura sustentável.
Isso mostra que podemos alcançar tecidos sustentáveis de formas inimagináveis que também cuidam um pouco mais do planeta.
“Se gosta de uma roupa, não pode obtê-la novamente”
Devido à fama do movimento slow fashion, a roupa ecológica está associada a um processo de fabricação muito tradicional. Produzir certos itens dessa maneira às vezes significa que o produto final é único e original e não pode ser adquirido por mais de uma pessoa. É verdade que isso é algo que acontece com a segunda mão. Mas isso não significa que toda a moda sustentável seja igual. Como já dissemos acima, existem linhas de roupas ecologicamente corretas que possuem coleções permanentes, então não há problema em adquiri-las!
Certamente você ficou surpresa ao saber a verdade sobre alguns desses mitos da moda sustentável. Agora não há desculpa para não ser eco!
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